Fonte: Sd Glaucia
Prestes a completar três anos da morte do casal Deyff Kennedy Alves da Silva e Sanelle Lauane de Lima e Silva, que tinham, respectivamente, 22 e 17 anos, o soldado Haroldo Oliveira da Silva sentará no banco dos réus. O julgamento será realizado na próxima quarta-feira, 6, em Martins, cidade onde o casal foi assassinado. O militar está preso em Natal, no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE), e o crime não foi esquecido pela população, que continua revoltada pelo mistério que cerca o caso.
Deyff Kennedy e Sanelle Lauane eram namorados e foram encontrados mortos em locais diferentes, nos dias 14 e 16 de dezembro de 2008, respectivamente. Segundo a perícia, eles foram mortos na madrugada do dia 14. Ele foi deixado próximo à igreja da cidade e ela em uma ribanceira, a cerca de 3km de Martins. Os dois foram executados com tiros de pistola calibre PT40. O soldado Haroldo foi preso dias depois, no Batalhão de Polícia Militar de Assú, onde trabalhava. O suspeito continua preso desde aquela época, esperando pelo julgamento. Até hoje, ele nega participação na morte do casal.
A cidade vive um clima de tensão e alívio ao mesmo tempo, já que o suspeito será finalmente julgado pelo crime. Segundo a diretora de secretaria do Fórum de Martins, Ana Paula Lucena Targino de Freitas, ainda há muita revolta entre os moradores, principalmente nos amigos e familiares dos dois jovens assassinados. O juiz da cidade, Ederson Solano Batista de Morais, já encaminhou ofício ao comando regional da Polícia Militar, pedindo que a segurança seja reforçada. Há um temor de que a população se revolte durante o julgamento e tente linchar o policial, como já tentou antes.
Para Ana Paula, um dos motivos que reforça a revolta dos moradores da cidade é o fato de o policial nunca ter aparecido em público. Sempre que precisava ir ao Fórum da cidade durante a fase processual, ele era escoltado por dezena de militares, usando colete à prova de balas e um capuz preto. “Pelo que vejo aqui, isso é o que mais revoltou a população. Ele sempre vinha encapuzado e ninguém conhece o rosto dele. Em audiências, sempre era preciso pedir reforço para evitar um linchamento. Até hoje ninguém sabe a causa dessa morte e acho que não saberemos os reais motivos”, avaliou.
O julgamento do soldado Haroldo será realizado na Câmara Municipal de Martins, devido à grande repercussão que o crime teve. Ana Paula acredita que as dependências do prédio serão ocupadas rapidamente. “Com certeza, é uma coisa que vai mudar a rotina da cidade. As pessoas continuam muito revoltadas e vão querer ver o julgamento. Infelizmente, as dependências do Fórum não são suficientes e eu acredito que nem a Câmara terá espaço para acomodar todo mundo”, adiantou a diretora de secretaria do Fórum, justificando o pedido de atenção especial do juiz com a segurança no júri.
Motivo é ainda um mistério
A investigação foi concluída em janeiro de 2009 pela delegada Sheila Maria de Freitas, que dirige o Departamento Especializado em Investigação e Combate ao Crime Organizado (DEICOR) de Natal, mas até hoje perdura o mistério do que teria motivado o assassinato.
Na época da investigação, foram levantadas várias hipóteses, mas nenhuma delas foi confirmada. A Polícia pensava, inicialmente, que o soldado Haroldo poderia ter algum tipo de relacionamento com a menina e, por isso, matou os dois.
Como ele nega a autoria do crime, a Polícia Civil não conseguiu descobrir os motivos.
O casal estava em uma festa, assim como o soldado Haroldo e seu colega Giliard Rodrigues da Costa, que chegou a ser apontado como co-autor na investigação, mas não foi denunciado pelo Ministério Público Estadual por falta de provas e não vai a julgamento.
Nos depoimentos não teria surgido nenhuma confirmação dessa possível relação entre a menina e o soldado Haroldo.
A investigação foi concluída e o processo chega nesta quarta-feira, 5, a sua fase final, mas dificilmente será esclarecido o mistério dessas duas mortes.
Segurança será reforçada
Cerca de 20 policiais vão reforçar a segurança do Fórum Municipal de Martins na próxima quarta-feira, 5, quando o soldado Haroldo vai a julgamento pela morte do casal de namorados Deyff e Sanelle.
O tenente-coronel Romualdo Borges Farias, comandante do VII Batalhão de Polícia Militar, em Pau dos Ferros, informou que vai utilizar policiais de cidades vizinhas para reforçar a segurança em Martins.
Ele explicou que aumentar efetivo em casos de julgamento já é uma prática comum, mas esse terá uma atenção especial.
“É um procedimento comum em casos de julgamento. Sempre mandamos reforço porque não sabemos o que pode acontecer. Tanto faz ser um caso mais simples como um de maior repercussão”, esclareceu.
“Serão mandadas guarnições do GTO da região e puxamos policiais de cidades vizinhas, como Umarizal e Serrinha dos Pintos. Ainda fica aquele pessoal em alerta. Se acontecer algo, esses policiais também são acionados. É dessa maneira que nós trabalhamos”, complementou o oficial PM.
Além dos policiais que serão utilizados na operação, haverá ainda a equipe responsável pela escolta do preso, que está na carceragem do Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) de Natal, fora os policiais de cidades vizinhas que ficarão em regime de alerta.
“Não é necessário colocar 100 homens. O que será disponibilizado é o suficiente. Se houver algum problema, a gente aciona o reforço das cidades mais próximas para evitar um problema maior”, acrescentou.
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