segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

PASSO À FRENTE: SEGURANÇA NÃO É SÓ CASO DE POLÍCIA

No jornal O Globo de hoje, uma notícia boa, que não deveria ser nova: “daqui a quatro anos, uma turma de formandos da Universidade Federal Fluminense (UFF) receberá um diploma inédito no Brasil: bacharel em Segurança Pública. O curso foi criado no fim do ano passado, e suas 60 vagas estão disponíveis para os estudantes que fizeram o Enem no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação”.

Não se trata de “bacharelismo”, mas de que começamos a construir algo que há muito só acontecia de forma casual e limitada: termos planejadores de política de segurança pública com formação multisetorial, que saibam vê-la como um problema mais complexo que o simples (aliás, nada simples) planejamento de ações policiais.

- Nas faculdades de direito, não se discute segurança pública, mas, sim, como aplicar as leis existentes. As academias militares, por exemplo, ensinam a ser militar, e não a ser policial.


A lógica é sempre a da repressão Pretendemos intervir nesse mercado. A ideia é criar uma alternativa para os órgãos e institutos de segurança, públicos e privados, para que possam contratar pessoas com uma formação que não seja pensada na associação entre segurança pública e polícia.- afirma o professor Roberto Kant de Lima, da Faculdade de Direito da UFF, à qual o curso será vinculado.

Na matéria, o coronel da Polícia Militar Robson Rodrigues, ex-comandante das UPPs e mestre em antropologia, elogia a proposta:

- Entender que a segurança pública é de natureza civil é muito importante, pois ela não fica mais fechada dentro de quartéis e delegacias. Avança no nosso processo de consolidação democrática. É uma boa notícia não só para as polícias e secretarias, mas para a sociedade como um todo. A própria PM tenderá a aproveitar quadros de graduações diversificadas, e essa pode entrar no rol das exigidas.

Um passo gigantesco na tão necessária transformação da visão de segurança numa ação integrada, onde a força não se descole da humanidade e do direito, da visão social e que, assim, possa ser eficiente como todos necessitam. Um caminho que foi desbravado por um homem que, neste momento, deve ser lembrado – usando o título de um lívro que descreve sua obra - por todos que tem “O sonho de uma polícia cidadã” : o coronel PM Carlos Magno Nazareth Cerqueira.

Um homem de rara inteligência, negro, formado em Psicologia e Filosofia, com 25 anos de experiência policial, que enfrentou o preconceito e a infâmia dos violentos e da mídia, mas que é o semeador de ideias que o tempo tornou vitoriosas, como os programas de policiamento comunitário e integração dos serviços públicos de segurança – e de cidadania – às comunidades pobres.

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